- Sei que já é tarde, mas...
- Alô, quem fala?
- Oi, Azahel, sou eu, Marselo.
- Claro, o Futurista! Como posso ajudá-lo?
- Quero saber onde fica o acento na palavra "Révéíllón"
- (...)
- (...)
- Alô?
- Desculpe-me, Marselo. Aguarde um segundo, "to" pensando...

O pensamento:

"A Mecânica Quântica prova, por meio do experimento da fenda dupla atrasada, o estado de sobreposição do elétron - agindo como partícula ou onda - mesmo após o registro dos resultados obtidos por um sinal quântico, de modo a tornar somente o ato de medição, feito por um observador consciente, a forma de se determinar o caráter desse elétron. Dessa forma, postula-se, em meio aos probabilismos da natureza subatômica, o conceito de de Retrocausalidade e conclui-se que distinguir passado e futuro é uma mera ilusão, assim como distinguir o homem do Universo que lhe cerca. O Homem Atômico entende que seu papel de "engrenagem" do Universo é fundamental para a completude do sistema, uma vez que a contemplação do Cosmos é a única coisa que pode provar a existência desse. - "Ser matéria não faz parte de existir".

Da mesma forma, a Relatividade Geral exclama - de modo determinista - o intimismo entre Espaço e Tempo, e através dele, a consequência de se habitar uma esfera massiva e molhada dentro de um sistema ainda mais grandioso: a ilusão de que o tempo "corre" sob um único eixo e sentido. Memorar o passado é nada mais que especular sobre o futuro, sendo a única diferença o crescente grau de desordem do sistema - Entropia. Portanto, apesar das divergências quanto ao caráter macro e microscópico (determinista e probabilista) do Universo, Relatividade Geral e Mecânica Quântica apertam suas mãos ao desvendarem as grandes mentiras que os ponteiros nos contam."

- Passado e Futuro sempre estiveram lá, foi você quem não viu, Marselo! Sou nada mais do que um momentâneo arranjo atômico do Universo, capaz de olhar a mim mesmo. "O Cosmos conhecendo a si próprio". Eu existo desde a singularidade e existirei até o fim dos... [fim dos tempos].
- (...)
- É Réveillon que se escreve, Marselo.