O estado atual da educação no país é conflituoso, visto que ao mesmo tempo que por parte de docentes esteja sendo buscado um sistema mais inclusivo onde todos possam realmente aprender, políticas de governo atuam para desmantelar projetos de auxílio à educação, mantendo a ideia retrógrada de que ensino de qualidade é um privilégio da elite. A inclusão no texto é vista de forma diferente da integração, onde aqueles marginalizados são inseridos de forma descuidada e sem preocupação de fazê-los realmente fazer parte do meio onde estão, por isso a inclusão é um processo muito mais complexo do que apenas unir alunos diferentes na mesma sala, ele requer o rompimento de muitos paradigmas da educação. Os aspectos dessa inclusão são extremamente diversos e cada um deles tem impacto no resultado final do modelo inclusivo, como por exemplo, a inclusão de pessoas com necessidades especiais, de etnias diferentes como indígenas e de pessoas que já estão inseridas até certo ponto mas que não tem o mesmo acesso a, por exemplo, cursos superiores, por por diversas razões. Essa educação não pode ignorar as diferenças entre as pessoas, mas sim, trabalhar essas diferenças e explorar a interculturalidade que pode ser trabalhada graças a uma sala de aula variada. Este aspecto é muito importante, por que um grande avanço que já foi iniciado mas deve-se manter sob cuidado é o fim da educação homogeneizadora, que busca nivelar todos os estudantes, e apesar de todos terem um nível igual de escolaridade ser bom, apagar diferenças culturais não é, por isso deve se respeitar a multiculturalidade de qualquer turma. Uma das mudanças que já foram feitas quanto a isso foi quanto aos conceitos de raça e etnia, que tanto afetavam o acesso a educação (ainda afetam, mas comparativamente menos), e apesar de que de acordo com a biologia sejamos todos de uma única “raça”, o racismo ainda é uma ideia tão prevalente, às vezes sutil, às vezes violento, e por isso deve ser ativamente trabalhado, ainda mais em escolas, para pôr fim a esta ideia do passado. A pedagogia da escravidão, que de certa forma foi uma “educação” que os escravizados recebiam durante sua vinda para o Brasil é uma das raízes do racismo estrutural que temos até hoje. Nela, os escravizados eram misturados com pessoas de outras etnias, para que a comunicação entre eles não fosse possível, eram deixados em condições horrorosas para que não tivessem forças para revoltar-se e não eram ensinados português, já que a maior parte iria fazer apenas trabalhos braçais, que seriam ensinados a eles com base na imitação e na violência. Tudo isso teve grandes impactos na forma de tratamento dessas etnias escravizadas ao longo dos séculos após sua vinda ao Brasil e continuará afetando a menos que seja devidamente trabalhado nas escolas. Hoje a educação é dividida em duas: uma para a elite e uma para quem “sobra”. Para a elite, faculdades prestigiosas, educação de qualidade que incentiva a descoberta e a busca por mais conhecimento. Para os outros, cursos profissionalizantes e educação que ensina a obedecer as ordens de seus patrões e realizar as tarefas indicadas. Essa divisão é um fruto de políticas neoliberais e da economia capitalista mundial, que buscam apenas pelo crescimento do capital e onde a educação é apenas uma etapa no processo de criação de mais um trabalhador seu, apenas “capital humano” a ser investido.