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Posted: Nov 30, 2019 @ 3:02am
Updated: Jan 29, 2021 @ 11:56am

A verdade é que o Rocket League me conquistou, como uma autêntica caixa de surpresas. Olhando de fora, um jogo de futebol onde carros relutantes em alinhar com a lei da física ocupam o lugar dos jogadores, parece uma receita para o desastre. No entanto, a originalidade da ideia foi suficiente para a invocação do "benefício da dúvida". Ainda tenho muito que andar para conseguir chegar ao nível dos jogadores que se exibem em cortes magistrais pelo ar, ou jogadas estonteantes à Messi, mas não tenciono desistir, Rocket League é a minha mais recente febre.

O primeiro contacto foi, ainda assim, consentâneo com a ideia inicial. Apesar da simplicidade da premissa, é exigível que tenhamos o mínimo de conhecimento e competência com o controle do veículo para que o jogo comece a revelar a sua real faceta. Sem ultrapassar o tutorial ou fazer uma boa dose de partidas, Rocket League parece uma frenética e caótica brincadeira de cães raivosos a correr atrás de uma bola. O curioso é que mesmo nessa fase, o raio do gameplay é viciante e capaz de proporcionar horas de diversão, segmentadas em partidas de poucos minutos.

As arenas assumem o formato de um campo de futebol claro, mas totalmente coberto, até porque a coisa não se coaduna com interrupções. Não existem faltas, sendo que até é aconselhável procurar o contacto, quanto mais fatal melhor, contribuindo não só para atrasar o oponente, mas para a pontuação final também. A bola é maior do que o normal, mas o ritmo frenético com que a acção… quer dizer, o jogo, se desenrola, faz com que não seja pera doce acertar no esférico da forma mais adequada.

É possível rematar, porque podemos projectar o carro. Depois de este estar no ar, temos um espaço de milésimos de segundo onde é possível fazê-lo rodopiar em qualquer direcção, abrindo espaço para remates de moinho, cabeceamentos, pontapés de bicicleta ou de calcanhar. Não levem o sentido literal destes termos demasiado a peito, mas experimentem-no e serão capazes de jurar que marcaram um golo “de letra” ou “de meia volta à entrada da área”.

Os modos são tão simples como a base do gameplay, com partidas de até 4 jogadores, em modo local ou online, ranked ou casual. Nos confrontos individuais ou em dupla, o desenrolar dos acontecimentos costuma ser mais livre, embora os jogadores experientes tenham tendência a respeitar a regra da dobra, tal como no futebol real, se “fores de primeira”, ou ganhas a bola, ou é bom que tenhas um colega a dobrar. Já nos confrontos entre equipas de 3 ou 4, os jogos têm tendência a ser mais táticos, exatamente porque as equipas designam um carro para dobrar os companheiros, ou para colidir com os adversários, abrindo o caminho para as suas balizas.

O jogo incentiva considerações ainda antes de a bola estar a rolar, quando a contagem decrescente para o apito inicial começa. A bola está no centro da arena e os carros de cada equipa são colocados numa de várias posições iniciais pré-determinadas. Podemos investir sobre o esférico de imediato, ficar atrás na eventualidade dos adversários conseguirem o primeiro remate, procurar acertar num oponente para comprar segundos de vantagem para os nossos colegas, ou saltar para o espaço entre a bola e a nossa baliza, na eventualidade do oponente ter o “first touch”.
Sentimo-nos limitados inicialmente, por vezes conduzindo em volta da bola como um idiota. Perdi a conta às vezes que passeei pela linha de golo adversária com o golo ao alcance de uma unha, se pelo menos pudesse abrir a janela e tirar o braço de fora… outras vezes em que fico perdido a olhar para o desenrolar de um lance, sem perceber que conduzo pelo teto.

Existe um sentido de urgência numa arena com duas balizas, em que a acção não para e onde rapidamente cobrimos todo o campo com um boost, este é importante não só para cobrir mais terreno rapidamente, como para rematar a bola com violência ou enviar os adversários pelos ares. É possível saltar e impulsionarmo-nos sobre a bola, virar automaticamente na sua direção ou usar o travão de mão, que é bastante mais eficaz no momento de mudar de direcção (bastante aconselhável). Estes são controlos aparentemente simples, mas cujo domínio carece de uma temporização e capacidade de reação notáveis num jogo de ritmo tão acentuado.

As partidas e os pontos conseguidos com assistências, cortes ou golos, são recompensadas com novos elementos cosméticos para personalizar os veículos. Estas mudanças vão desde novas carrocerias, pneus, pinturas e até a bandeira de Portugal se desejarem ser assim tão nacionalistas. Confesso ainda ter abraçado a hipótese, mas rapidamente desisti da ideia de envergonhar as cores do nosso país, um chapéu de pirata juntamente com uma caveira pareceu-me mais adequado para o jipe desportivo a que me acabei de habituar.

Não sei o que de negativo há a apontar ao título da Psyonix, tirando o facto de possuir um modelo simples e carregado de valor de repetição intrínseco, simplesmente porque é um prazer jogá-lo. Podia ter mais arenas e ser mais amigável com novos jogadores? Talvez, as primeiras serão uma questão de tempo, o nível de entrada é tão divertido (senão mais) do que o nível avançado.

Positvo
Partidas rápidas e divertidas
Originalidade
Valor de repetição

Negativo
Mais arenas!

Veredito
Rocket League tem tanto de louco como de prazeroso, depois de toda a minha relutância em aceder à insistência de amigos para experimentá-lo, não pensava encontrar aquele que até agora, é o melhor jogo de desporto do ano. Recordou-me aquele impulso incontrolável que temos ao ouvir a voz as nossas mentes durante os TBS: “Só mais um turno”. Aqui é igual: “Só mais um jogo”… até serem 5 da manhã e a vida real voltar a assumir o controlo. Raios.

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