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Posted: Nov 28, 2013 @ 6:13am

Em mais de 70 anos de Batman, o personagem atravessou a Segunda Guerra Mundial, a euforia utópica dos anos 50, a contracultura dos anos 60, o pessimismo crônico pós-Vietnã dos anos 70, a truculência dos anos 80, a hiper-truculência dos anos 90 e o estupor pós-11 de Setembro dos anos 00. Muitas épocas, muitos batmen. Ele já teve um cachorro, ele já teve pelo menos quatro Robins, ele já teve (pelo menos) um filho. Já quebrou a coluna, já morreu uma dúzia de vezes, já voltou uma dúzia de vezes. Foi amigo do Superman, bateu no Superman, apanhou do Superman. Já teve seis filmes nos últimos vinte e poucos anos e diversos desenhos animados. Foi protagonista de uma série de TV que marcou uma geração.

Batman AA mergulha fundo no folclore do Homem-Morcego e é uma referência para todos os batmen. Há algo ali do seriado de TV, das animações recentes, da graphic novel do mesmo nome, tudo ajuda a compor o universo surreal que o herói habita. E o jogo vai além, ao acrescentar habilmente seus próprios elementos e assim, conquistar seu lugar na mitologia do Batman. Estão plenamente justificados os troféus do Charada, as dentaduras ambulantes do Coringa e até os morceguinhos que aparecem quando um bandido é nocauteado.

Ainda que boa parte dos movimentos de luta do personagem sejam pré-programados pelo jogo, quem comanda o combate é mesmo o jogador. Se não prestar atenção na posição dos inimigos e em seus diferentes tipos de ataque, Batman não irá vencer sozinho. É uma interface que parece fácil de aprender, mas é difícil de dominar e exige dedicação.

Cada confronto com um "chefe" traz a dose certa de desafio e deslumbre por se estar enfrentando um dos grandes oponentes dos quadrinhos. Ao contrário de tantos outros jogos, estes momentos não apelam para elementos alienígenas à jogabilidade anterior e, mesmo o combate final, combina magistralmente recursos já aprendidos ao longo da aventura. Quanta diferença para Risen e sua conclusão... A destacar em Batman: Arkham Asylum também são os embates com o Espantalho. Apesar de eu odiar aquele tipo de perspectiva, sou obrigado a bater palmas pelo sopro de criatividade para resolver o dilema de um vilão cujo poder reside em sua capacidade de perturbar a mente. A reencenação da cena de abertura, enlouquecida pelo gás do medo, e a sequência da morte dos pais de Bruce Wayne merecem figurar entre os grandes momentos da narrativa dentro dos jogos eletrônicos.

Em 19 horas de jogo eu realizei uma jornada épica, desde o humilde início com poucas habilidades e um certo desconforto com os comandos até o pleno controle da máquina de combate ao crime chamada de Batman. Uma jornada que começou com os instintos do super-herói o impelindo a escoltar o Coringa e terminou com o mais retumbante soco da história das histórias em quadrinhos. Cada minuto desta aventura transpirou o impacto que apenas uma lenda poderia proporcionar. Não houve um instante em que eu duvidasse que Batman fosse capaz. Ao final da saga, escrita pelo próprio mestre Paul Dini, veterano do personagem, temos um epílogo que exibe a preocupação da desenvolvedora em mais do que apresentar um bom jogo, mas também em contar uma boa história. Vemos Batman e Gordon trocando palavras e a demonstração clara que a cruzada do Cavaleiro não possui pausas ou data para chegar ao fim. E ainda tem uma cena ao final dos créditos...

Originalmente publicado em: http://blog.retinadesgastada.com.br/2011/06/jogando-batman-arkham-asylum-conclusao.html
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