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Posted: Jul 3, 2020 @ 5:41am
Updated: Sep 14, 2021 @ 12:21am

Ōkami (do japonês, 狼, que significa lobo ou, nesse caso, loba) se trata de um jogo de aventura, onde você controla Amaterasu, a Deusa do Sol do panteão Xintoísta (religião predominante no Japão) em sua aventura para destruir o mal.

Comecemos do começo: A história se inicia 100 anos no passado (com uma cutscene de 20 MINUTOS), mostrando os acontecimentos da Lenda de Orochi (a Serpente de 8 Cabeças da mitologia xintoísta). Orochi era uma criatura maligna que dominava o Vilarejo de Kamiki e exigia, todo ano, a vida de uma virgem para seu ritual de sacrifício. Todo ano, em uma noite de lua cheia, uma flecha atingia a casa da escolhida, e essa deveria vestir o manto e se dirigir à caverna que a serpente ficava.
A virgem da vez era Nami (inspirada em Izanami, matriarca da morte da mitologia japonesa), que era a amada de Nagi (inspirado em Izanagi, o deus da criação). Acreditavam que uma loba branca, chamada pelos moradores como Shiranui (do japonês, fogo desconhecido), viria todos os anos buscar o sacrifício de Orochi, trabalhando junto a ele. Mas, essa loba era nada menos que Amaterasu, em uma de suas encarnações, e seu dever era derrotar a fera e trazer paz ao vilarejo.
Então Nagi, junto a Shinarui, foram até a Caverna da Lua, onde Orochi permanecia. Nagi deu o golpe mortal com sua espada, chamada Tsukuyomi (homônima do deus xintoísta da lua), e selou a serpente, mas Shiranui não resistiu e veio a falecer após a luta. Essa então é a Lenda de como Nagi e Shiranui acabaram com Orochi e tudo ficou bem. Por um tempo.
100 anos depois, o selo que mantinha Orochi preso foi destruído por Susanoo (homônimo do deus xintoísta das tempestades), descendente de Nagi que não acreditava na lenda. Com isso, Amaterasu renasceu, novamente em forma de loba, para acabar de uma vez por todas com o mal.

A história é completamente inspirada nas lendas japonesas, mas pegando certas figuras e adaptando ao seu próprio roteiro. O jogo é cheio de cutscenes e toda a história é muito rica, tendo uma duração bem longa (aproximadamente 35 horas).

A jogabilidade se consiste basicamente como qualquer jogo normal (andar, pular, correr, tu sabe), com um grande diferencial: as técnicas de pincel.
Amaterasu possui um Pincel Celestial, que pode desenhar várias coisas, por exemplo: se você precisar atravessar uma ponte quebrada, o pincel pode reconstruí-la. O pincel tem 13 poderes, que vão sendo desbloqueados ao longo da história, quando você completa uma constelação que revela um deus do pincel, que é um filho de Amaterasu.
Há uma espécie de sistema de "xp", onde você recebe, na verdade, pontos de adoração. Com esses pontos, você pode upar sua vida, tinta (que é consumida ao usar as técnicas de pincel), bolsa astral (que contém alimento, que caso cheia, poderá ressuscitar Amaterasu caso venha a morrer) e dinheiro.
No jogo há 15 armas, chamadas de Instrumentos Divinos, divididas em 3 tipos: Refletor, Rosário e Glaive. Cada um tem um jeito diferente de atacar e dão danos distintos. Tais instrumentos são desbloqueados na campanha, ou comprados com mercadores pelo mapa.
O combate do jogo é simples: você fica numa arena delimitada com os inimigos, onde vocês irão lutar. Há um sistema de combos e também é possível usar as técnicas de pincel nos inimigos para derrotá-los. Alguns consideram que o jogo é fácil demais e não apresenta desafio no combate, mas experimente passar um Devil Gate Trial pra tu ver.

O mapa do jogo é de um tamanho razoável, e dividido por Zonas. Quando você sai de um lugar, há um portal que te leva ao mais próximo, passando por um loading. Isso é pra simular um mundo aberto, mas com suas restrições, pois PS2, né.
No mapa, variando entre áreas de campos, pântanos, cavernas e cidades, há NPCs para conversar, estes que podem te dar side-quests ou vender itens. Há um minigame de pesca em algumas dessas localidades, que você pode pescar diversos tipos de peixes que aparecem em locais e horários específicos (o que é bem chato, caso queira fazer 100%). E além dos NPCs, você pode alimentar animais, o que irá te dar pontos de adoração.
Não esquecendo dos inimigos, estes que vagam em formato de pergaminho pelo mapa, e quando você encosta em um pergaminho, um combate irá começar.

Ōkami sofreu com muitas comparações a The Legend of Zelda, o que é inegável, pois os dois são muito parecidos. Ambos são jogos de aventura com puzzles, exploração de dungeons, chefes criativos e muito bons, uma história profunda e um companheiro irritante. Se em Zelda temos a Navy, em Ōkami temos o Issun, que é um poncle que se junta a Amaterasu em sua jornada pois ele quer aprender todas as técnicas de pincel. Mas no geral, os dois jogos são bem diferentes, mesmo havendo diversas semelhanças.

Uma coisa que chama muita atenção no jogo é seu estilo de arte, muito similar a uma técnica de pintura oriunda da China chamada Sumi-ê. Tudo parece meio aquarelado, bem cartunizado, tendo um estilo próprio, que continua lindíssimo mesmo após 14 anos desde o seu lançamento. A trilha sonora é orgástica, nem tenho palavras pra comentar sobre.

A qualidade do port tá muito boa, bem otimizado e bonito, porém com um blur exagerado na tela que não dá pra desativar. Além disso, as configurações gráficas são escassas, e caso você dê alt tab, o jogo sai da tela cheia, te forçando a salvar o jogo e voltar pro menu pra mudar as configurações de tela. Também devo mencionar que o jogo é travado a 30fps, visto que caso ele rodasse além disso, seria como se botasse o jogo na velocidade x2.
Outro problema notável é a dificuldade em conseguir usar o pincel. Passei muita raiva tentando desenhar coisas e o jogo não reconhecia o que eu desenhei, mesmo no mouse.

Ōkami é uma experiência completa. Você termina o jogo e se sente satisfeito, a história foi concluída, tudo foi resolvido. É o tipo de jogo que eu recomendo a todos que joguem, desde os casuais até os hardcores. Esse jogo vai te propiciar boas risadas e talvez até lágrimas.

Vai por mim, compra.
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