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Posted: Jan 9, 2017 @ 10:05am
Updated: Jan 9, 2017 @ 12:13pm

Imagine o teor stealth de Mark of the Ninja, os mapas gerados proceduralmente de Don't Starve e a jogabilidade estratégica de XCOM devidamente misturados com uma pitada de cyberpunk. Bata tudo e bote no forno.

Em essência, isso é Invisible, Inc. E um dos melhores trabalhos da Klei lançados até agora.

A premissa do jogo é simples: a agência de espionagem da qual fazemos parte é brutalmente invadida durante uma operação, a ponto de a líder, Olivia Gladstone, precisar fugir com uns poucos agentes e um mero jato em mãos. Sua tarefa enquanto Operador/a é, assim, conseguir informações sobre seu inimigo, atacá-lo na surdina com seus espiões e roubar recursos para possibilitar um ataque maior na missão final. Tudo isso dentro de 72 horas, que é o tempo previsto de bateria disponível para Incognita, uma poderosa IA e crucial para o sucesso das invasões.

Ao todo, existem 10 agentes (ou 14 se tiver o DLC), mas só dois estarão disponíveis a princípio. Cada um possui habilidades únicas, muitas vezes derivadas de próteses especiais, te oferecendo abordagens e vantagens diferentes ao longo das tarefas. Alguns deles só serão desbloqueados ao acumular XP de jogadas finalizadas ou abandonadas, enquanto outros poderão ser resgatados em missões próprias. E rola até mesmo mais de uma versão de alguns agentes, chamada de "arquivadas", que é como eles eram anos atrás. Ponto também para a sensível diversidade de personagens jogáveis - metade composta por mulheres.

Tal como nos XCOM modernos, temos um mapa mundial com uma série de corporações que devemos escolher qual priorizar para o ataque dentro da breve janela de tempo para ação. A partir daí, as missões são desde em roubar um caixa forte até ter acesso a itens contrabandeados para os agentes, aquisição de softwares melhores para Incognita ou mesmo instalação de augments caros. Mas nada disso será fácil de pegar, não apenas pelo nível de segurança das corporações, mas também pela dificuldade progressivamente mais difícil devido ao fato do alarme aumentar automaticamente por turno, garantindo ameaças maiores. Matar os guardas é uma péssima ideia, por facilitar sua detecção, e seus agentes caem com um mísero tiro. Daí a necessidade de ser o mais discreto possível e sair do local o quanto antes. Se eles são abatidos e não sobra mais nenhum agente reserva, é game over.

Já dá pra imaginar a tensão do negócio, não é? Embora seja possível fazer um "rewind" dos seus turnos, alguns erros no início podem provocar um efeito cascata tão ferrado que talvez valha mais a pena refazer a fase do zero.

Felizmente, Invisible, Inc. herda a profunda customização de Don't Starve e te permite jogá-lo com uma liberdade absurda. Dá pra desde determinar a quantidade média de guardas e itens (como cofres e terminais) por fase até o número de salas e duração da campanha. Em outras palavras, até quem é uma negação em jogo de estratégia como eu consegue jogá-lo e ainda apreciar a experiência. Sem falar também dos acréscimos do DLC, que não é obrigatório deixá-lo ativado em todas as campanhas, mas pode ser uma boa pedida especialmente pra quem acha a versão vanilla curta demais.

A história é um dos aspectos mais secundários do jogo, não muuuito mais elaborada do que em Mark of the Ninja, por exemplo. Mas ela se sustenta bem e ainda garante eventuais momentos engraçados nos diálogos entre Olivia e Monst3r, um velho amigo de espionagem. E ainda tem o final, que traz um pouco de plot twist à narrativa. Soma-se à excelente direção de arte e uma trilha sonora que só não é melhor por eventualmente se repetir demais.

Outro ponto relativamente incômodo é o aspecto rogue-like das fases. Por um lado, cenários procedurais tornam impossível a criação de walkthroughts, trazendo à tona um fator surpresa e temor ao desconhecido tal como uma infiltração "realista"; por outro, a ausência de um level designer faz falta numas horas. É uma roleta russa: às vezes rola sorte de achar a saída no melhor momento ou de encontrar a sala que você precisava; em outras, surgem salas inúteis de vazias, podendo te consumir alguns turnos valiosos. Bom, fica aí o aviso pra quem tem ressalvas a esse formato.

Recomendo não só pra quem tem alguma familiaridade com jogos táticos, mas também quem curte a Klei em geral e aprecia um título bem feitinho de ficção científica. Eu gostei e ainda tenho vontade de jogá-lo de novo graças ao seu replay value substancialmente alto.
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